quarta-feira, 18 de maio de 2011
domingo, 15 de maio de 2011
Para tudo há sempre um tempo...
Este começo de ano foi para as comunidades de Ipaporanga e Nova Russas um tempo intenso e forte, de novidades. Partilhamos em nosso primeiro encontro das duas comunidades como cada uma vivenciou, experimentou e celebrou este tempo...
Irmãs e Jovens Vocacionadas de Ipaporanga e Nova Russas |
Um tempo de expectativa e de espera
Foi o tempo de escolher, negociar e equipar casa, tempo de prepará-la, de ajeitar os quartos para acolher mais moradoras. E mais importante do que isto, preparar a casa do coração para acolher quem estava chegando!
Tempo de ampliar a tenda, deixá-la aconchegante, acolhedora, imaginando cada uma que iria integrar a comunidade.
Para quem estava chegando, tempo de abertura, de imaginar como será a vida em novas terras, a nova realidade; tempo de abrir-se para a novidade do Reino e da missão.
Tempo de mudança
Um momento de muitas perguntas povoando a mente e o coração: como chegarão? Será que se adaptarão? Como se sentirão e como nos sentiremos com sua chegada?
Tempo de agendar viagens, caronas, horários, itinerários favoráveis, quem as buscará, onde buscará, de que jeito...
Tempo de preparar uma comidinha gostosa para matar a fome de quem chega, depois de longas viagens, nem que seja a meia noite!
Tempo de mudança física, geográfica e também de mudança interior, de reorganização, de revisão. Tempo de transformar e transformar-se, de sonhar, de projetar.
Tempo de acolhida
E assim foram chegando, a começar pelas jovens vocacionadas: Iana e Marineide; e em seguida as Irmãs, Cristiane e Adelaide.
Em cada comunidade os preparativos, os cuidados para acolher a cada uma com ternura e simplicidade, com o espírito da Fraternidade Esperança.
Tempo de alegrar-se com as novas composições, com a nova organização como uma orquestra que busca alcançar o melhor arranjo para a execução da sua mais bela canção: a vida, a vida comunitária!
Tempo de integração e inculturação
Tempo de aproximação da comunidade do povo, com toda a sua riqueza e singularidade. Tempo de conhecer e dar-se a conhecer, de reconhecer o que temos em comum e o que nos diferencia. Tempo de provar novos temperos, cheiros, sabores... de experimentar o calor do sol e do coração.
saboreando um milho assado na festa da colheita, Nova Russas |
Tempo de partilhar uma tapioca regada com chimarrão!
Tempo de ajeitar os “trem”, de “entrar no embalo” e sentir as novas “sensações”!
Tempo de sentir saudade da mãe e do pai e se dispor a construir outra família.
Tempo de sentir os clamores, os desafios, as interpelações....
Tempo de perceber que o povo está faminto por presença gratuita, por visitas.
matando a saudade do chimarrão |
Tempo de conviver
Tempo de nos contemplarmos mutuamente, olharmos para nós e umas para as outras, percebendo nossos dons, potenciais, talentos e também nossos limites.
Tempo de rezarmos juntas, de celebrar a vida, as pequenas e preciosas conquistas do dia-a-dia.
Tempo de sabermos as histórias de vida, as trajetórias e as andanças de cada uma...
Tempo de cuidado
É também tempo de cuidarmos de nós mesmas, de nossa saúde, alimentação, repouso, adaptação; tempo de cuidarmos e cultivarmos a unidade, a comum-unidade; tempo de cuidar da vida de toda criação, que nos cerca e geme em dores de parto...
É tempo de cuidar das relações que foram construídas e cultivadas e que deixamos longe, tempo de cuidar das novas relações que nascem a cada encontro com o povo.
Tempo de sonhar
Tempo de alimentar sonhos de vida, de dignidade e justiça. De sonhar com as trilhas que percorreremos neste ano.
Tempo de sermos visionárias e gestar projetos pessoais e comunitários comprometidas com o Reino de Deus, que quer acontecer, aqui e agora, através de nós.
sexta-feira, 13 de maio de 2011
A mulher toda santa e imaculada
Ir. Lina Boff
Na linhagem das matriarcas irrompe a figura de uma mulher dentro do plano divino que foi revelado em Cristo Jesus: Deus reserva um lugar singular a esta mulher, aquela que foi a Mãe de Jesus, o Filho do Pai e o Salvador do mundo. O Apóstolo afirma que Deus nos escolheu antes da criação do mundo para sermos santos e imaculados aos seus olhos (cf. Ef 1,4) pela graça salvadora trazida por seu Filho que doou sua vida por todos. Todos nós portanto, somos chamados a sermos santos e imaculados, com a nossa missão a partir das palavras que o Anjo lhe diz: Alegra-te, cheia de graça. o Senhor está contigo! (Lc 1,28). E com a exclamação de Isabel que a proclama: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre! (Lc 1,42),
Maria é a mulher cheia de graça
Em primeiro lugar esta expressão significa para Maria estar pervadida pela benevolência do amor de Deus que adorna sua vida como dom para a humanidade. Em segundo lugar significa estar toda coberta, envolvida, cumulada da graça divina. Pela sua fé e pela sua disponibilidade a Deus Maria foi se tornando progressivamente cheia da graça do Senhor a ponto de abandonar-se conscientemente e com toda a liberdade de seu ser, ao plano salvífico que o Pai tinha em mente realizar. O plano do Pai tem uma finalidade bem determinada: a de reconciliar a humanidade com Ele e tornar nova toda a criação plasmada com tanto carinho por Ele desde toda a eternidade.
Nesse contexto Maria é cheia da graça divina porque se deixou encher de Deus e de seu plano. Como Comunidade de Amor esse Deus que se relaciona com o Filho e o Espírito Santo, e revela-se a nós nas suas distintas atribuições que lhe damos de Criador, de Redentor e de Santificador das nossas vidas. A todos os povos revela-se como Único Deus, no respeito de suas crenças, tradições, religião e culturas.
A Maria Ele se revelou enchendo-a de sua graça porque a preservou do pecado original. Com Maria inaugura-se a Nova Criação pelo Filho de Deus, Jesus Cristo que é o filho de Maria por obra do Espírito Santo.
Maria está com o Senhor
Estar com o Senhor é viver da sua comunhão. Esta comunhão se dá na Comunidade divina onde o Pai, o Filho e o Espírito Santo formam a verdadeira Comunidade que se relaciona para dentro e para fora, isto é, a comunhão que se cria para dentro consiste numa relação de amor, de solidariedade e de doação total de uma Pessoa para com a outra. Tal relação que se dá para dentro, reflete-se para fora através da missão que cada Pessoa da Comunidade divina realiza junto à humanidade.
Maria participa desta comunhão das divinas Pessoas. Primeiramente como mulher que abre seu corpo à ação de Deus e concebe antes pela fé que pela função biológica do seu ser humano. Maria participa da comunhão trinitária como mãe porque oferece seu filho ao mundo e o doa a toda a humanidade. Como esposa Maria participa da comunhão trinitária porque se abre à liberdade do Pai que lhe pede inserção dela em seu projeto de salvação, dentro do ritmo normal da vida humana por Ele plasmada e organizada com sua lei de amor, sem interromper o curso normal do nascimento humano de seu Filho. A partir desse movimento de comunhão trinitária Maria vive sua condição de mulher como todas, como criatura, pois depende de Deus em tudo. Maria vive sua condição de mãe como a mulher que acolheu em si mesma o Verbo de Deus Pai e O doa ao mundo para a salvação de todos. Maria vive sua condição de esposa como mulher que compartilha, assume e vive um projeto, em princípio, comum ao seu esposo José; vive-o na confiança e na certeza de que a abertura ao NOVO que desponta n´ela, tem um conteúdo que deve ser penetrado e vivido na fé que confessa em mistério. Por estar com o Senhor, Maria alegra-se.
Maria é bendita
Isabel é a mulher que reconhece ser Maria a bendita do Senhor porque traz em seu seio o fruto bendito de Deus. Felicita-a pelo dom que ela recebeu de Deus, pelo estado de bem-aventurança em que se encontra por ter aderido ao plano do Pai. Com que belas palavras Isabel fala bem de Maria, com que voz expressiva e firme a proclama aquela que é bem falada, bem dita, bem comentada por trazer a alegria de um futuro próximo que há milênios o povo de Israel aguarda, anseia, espera. Isabel bendiz Maria com estas palavras e com esta proclamação:
Bendita és tu entre as mulheres,
Bendito é o fruto de teu ventre!
Bendita a Mãe do meu Senhor que me visita!
Bendita a saudação que chegou aos meus ouvidos,
Bendita a criança que estremeceu em meu ventre!
Feliz és tu que acreditaste no que o Senhor te disse,
porque será cumprido! (cf. Lc 1, 41-45).
Maria traz o fruto bendito
Em todo o Novo Testamento somente Lucas usa a palavra fruto (karpós) no sentido de fruto do ventre, fruto como filho, descendência. Quando ouviu a saudação de Maria, com um grande grito Isabel exclamou quando ouviu a saudação de Maria: (...) bendito é o fruto de teu ventre! (Lc 1,42).O que Isabel fala Lucas parece confirmar no primeiro discurso de Pedro depois da ressurreição, dirigindo-se a todos os israelitas que o escutavam e que os trata, primeiro como “homens da Judéia”, depois como “homens de Israel” e finalmente como “irmãos”.
Pedro fala a respeito do patriarca Daví que como profeta havia assegurado com juramento, que um descendente seu tomaria assento em seu trono, (At 2,30), referindo-se a Jesus que ressuscitara dos mortos. Maria traz esse Fruto bendito.
Maria e as mulheres de hoje
Maria propõe às mulheres de hoje uma mudança profunda que transforme o presente, como se deu a transformação de Maria de Nazaré diante da proposta divina. Esta é a promessa de um futuro que traz consigo a urgência de se criar um tempo presente que seja novo na sua natureza, isto é, tempo no qual o próprio Deus é proclamado Bendito!
Com as palavras do Magníficat Maria articula o dom divino e comunica-o ao mundo bendizendo a Deus, Fonte de vida e de todo bem. Agradece e bendiz ao seu Senhor proclamando:
Bendito o Senhor que minha alma engrandece,
Bendito o Salvador no qual meu espírito exulta!
Bendita a força libertadora de seu braço,
Bendita a dispersão dos orgulhosos, dos poderosos!
Bendita a exaltação dos humildes, dos famintos!
Bendito o socorro de Deus a Israel,
Bendita sua memória em favor de sua descendência!
Felizes as gerações que me reconhecerão
bem-aventurada! (cf. Lc 1, 46-55).
As “Marias” de hoje bendizem o Senhor porque vivem sua fé como chamado no meio do povo e com ele presidem o serviço que faz da vida toda um projeto de construção do Reino, através de sua prática anunciadora e de sua gratuidade que cria sempre novos espaços de evangelização.
As “Marias” de hoje exultam no Salvador do povo porque advogam a causa dos pequenos e excluídos; tutelam suas tradições que mantêm vivas a fé e a inspiração em Maria como companheira de estrada.
As “Marias” de hoje encontram Maria na juventude que clama por novos projetos de vida e por cidadania; ela se encontra presente nos movimentos sociais que buscam terra, moradia e direito de viver com dignidade sua vida.
As “Marias” de hoje ensinam que Maria não está só nos altares, nos andores e nas procissões, mas mostram que ela é uma figura que, levada para junto do dia-a-dia de seu povo, dá forças para abraçar a causa da vida.
Por tudo isso Maria liberta e ao mesmo tempo socorre. Maria é uma das expressões mais fortes da simbólica popular e a Mulher que mais incide no sentimento da subjetividade humana e no seu modo de ser mãe e rainha, não como todas as rainhas de hoje e de todos os tempos, as quais pouco conhecemos, mas pelo seu jeito de exercer a realeza do serviço que presta ao pobre e ao pequenino.
Este texto utilizamos em um momento de deserto neste mês mariano!
Esperamos que gostem!
Abraços!
Ir. Clara,fe.
terça-feira, 3 de maio de 2011
Beatificação Papa João Paulo II
Papa João Paulo II foi beatificado | |
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