Com
a participação do Juninter – Regional NE 3, senti a necessidade de partilhar de
modo sucinto, reflexões acerca da Vida Religiosa. O encontro foi assessorado
por Ir. Annette Havene, que vem trazendo pistas de como vivenciar a afetividade
de modo saudável, mediante a pós-modernidade.
A Vida Religiosa é um todo
integrado, modelo para parar de ser individual, parar com o dualismo. O nosso
mal é que ficamos oscilando do bom para o ruim, muitas vezes sem orientação
como um barco sem sinal de chegada. A formação de nossa personalidade nos move
a acreditar que o ser quando não integrado, espelha em todos os ambientes o que
é, movendo a um distanciamento permanente dos outros seres. Isso nos faz
perceber que não é a idade cronológica que desperta sinais de maturidade, e sim
psicológica. Na VRC, uma característica de imaturidade é não ver o todo, mas só
se vê um lado. Os conflitos comunitários muitas vezes vão se transformando em
“imensos paredões”, incapazes de serem desconstruídos. Até mesmo por atitudes antieconômicas, ou seja, em que não se
aborda as verdades a serem vistas e retomadas de vida.
Nós como religios@s, temos a triste idéia de
querer tirar tudo o que é ruim de nós. Mas o fato é de que devemos pensar que integrar
não é apagar o negativo, pois sentimento não se arranca substitui por outro.
Entrar na VRC é entrar numa dinâmica de seguimento de Jesus. E esse seguimento
exige de nós abrirmos as portas do coração, para permitir que Deus faça morada
e remodele a nossa vida. Quando entramos na VRC, incorporamos a idéia de que devo
ser perfeit@, mas na verdade o essencial é buscar a vida em plenitude.
Eu quero perfeição ou busco
plenitude?
O que é ser santo?
É ser perfeito ou chegar à
plenitude do amor?
A vida é boa e ruim. Podemos em
muitos momentos nos decepcionar com a idéia de que a vida deve ser sempre boa,
tranqüila, harmoniosa. Mas uma vida que também se apresenta crises nos fará
crescer e tomar novos rumos mediante o nosso ser em processo de construção. Quando
tem um conflito devemos perceber os dois lados. Caímos na imaturidade de nos
fazer de vítimas e olhar somente para o nosso “umbigo”. Enquanto que de modo
mais econômico, podemos enfim, agir de modo maduro e esclarecer certas
situações da nossa vivência comunitária. O ideal deve ser puxado para a
realidade. Só teremos uma vida religiosa ideal, como pensamos, se partir as
manifestações de mudanças de nós mesm@s.
Em nossas vivências
comunitárias, podemos carregar de algum modo a inveja x ciúme. A inveja gera o
desejo de ter exatamente o que a outra pessoa tem (pode ser tanto coisas
materias como qualidades inerentes ao ser). Enquanto que o ciúme apresenta
caráter instintivo e natural, sendo também marcado pelo medo, real ou irreal,
vergonha de se perder o amor da pessoa amada. O ciúme está intimamente
relacionado à inveja.
A diferença é que a inveja não envolve o sentimento de perda presente no ciúme.
Mas ambas são um misto de desconforto e raiva e atormentam aquele que cobiça
algo que outra pessoa tem. Quanto mais baixa for a auto-estima, mais propensa
está a pessoa de sofrer com um dos dois sentimentos.
Em nossa vivência familiar
carregamos características afetivas, sendo que a comunidade de fé tem característica
com proximidade afetiva. Querendo ou não, espelhamos das nossas vivências
familiares, dentro da comunidade religiosa. O problema é ser capaz de integrar
os desejos, conhecendo a própria historia de vida e projetar, lançar a vida na
doação total e completa a serviço do Reino de Deus. Seria um total desastre
alguém entrar numa “aventura” sem se conhecer, com muitos medos, vergonha do
seu passado, da sua origem. Um@ religios@, só estará dando uma resposta
realmente livre e sincera se tiver orgulho do que Deus lhe deu e da vida que
ele tem.
Todos nós religios@s, desejamos
ser pessoas integradas, para tanto, precisamos quebrar o espelho, e buscar a si
mesm@. Agora também não podemos viver de fragmentos, em que cada vez que
acontece algo eu me desintegro e tenho que me reintegrar. Não é saudável, é
decidir não amar. Integrar é centrar as energias, em algo que frutifique.
Amar não é gostar, é viver:
Qual
a paixão que me define?
Que
relações significativas eu alimento?
Quem não se compromete não ama
de verdade. Jesus mesmo mostra que a lei maior da sua vinda é o amor. Não amamos como devemos porque estamos
centralizados em nós mesmos. Nos esquecemos desse amor que é doação. Minha
paixão está no carisma, mas muitas vezes, minha intimidade está nas redes
sociais.
Temos medo da inexistência da
VRC, mas enquanto tiver mulheres e homens apaixonados, ela não se acabará.
Todas as pessoas carregam três
fontes de energias:
amarrada
(acusar
os outros de não fazer o que devem fazer), solta(Vou
fazer quando quero! ), autônoma (Faço porque desejo!)
Para realizar a energia
autônoma devemos canalizá-la no desejo fundante. Esse desejo que iniciou na
nossa euforia, mas que aos poucos deixamos de lado, nos esquecemos de nossas
origens e do que vivenciamos.
Ser religios@ é um ser doando-se!
A dinâmica da vida espiritual
tem o encanto – desencanto – reencanto. O encanto quando descobrimos a vida de
Deus em nós, o desencanto quando vamos nos distanciando por vários mecanismos
desse amor do Criador e reencanto como filh@s pródigos retornamos a casa do Pai
com mais convicções e idéias mais acertadas de amor! Não basta cuidar da nossa
afetividade sem buscar o reencanto consciente! No inicio de nossa caminhada
estamos eufóricos. É bom que venha o desencanto para nos testar. Se você não
cultiva a espiritualidade com Jesus e o amor aos pobres, a paixão acaba. Uma
paixão se alimenta de convicções – entusiasmo
Existe um slogan que poderá nos
mostrar muito que as novas gerações da VRC deverão viver: Para quê fronteiras, se nós temos horizontes! Temos horizontes para
viver a pós-modernidade de modo concreto a testemunhar com a nossa vida esse
amor pleno, doando do nosso coração e preenchendo-o com mais amor. Assim é a
lei da vida, amar para receber mais amor! Amar não é sentir é fazer. O amor
está mais puro quando você deixa de sentir.
A minha paixão pela VRC é feito
de euforia ou entusiasmo?
A
paixão primeira vem de Deus.
Só
confronta quem ama.
Ir.
Clara Sousa,FE.