quarta-feira, 6 de junho de 2012

AFETIVIDADE E NOVAS GERAÇÕES


Com a participação do Juninter – Regional NE 3, senti a necessidade de partilhar de modo sucinto, reflexões acerca da Vida Religiosa. O encontro foi assessorado por Ir. Annette Havene, que vem trazendo pistas de como vivenciar a afetividade de modo saudável, mediante a pós-modernidade.
A Vida Religiosa é um todo integrado, modelo para parar de ser individual, parar com o dualismo. O nosso mal é que ficamos oscilando do bom para o ruim, muitas vezes sem orientação como um barco sem sinal de chegada. A formação de nossa personalidade nos move a acreditar que o ser quando não integrado, espelha em todos os ambientes o que é, movendo a um distanciamento permanente dos outros seres. Isso nos faz perceber que não é a idade cronológica que desperta sinais de maturidade, e sim psicológica. Na VRC, uma característica de imaturidade é não ver o todo, mas só se vê um lado. Os conflitos comunitários muitas vezes vão se transformando em “imensos paredões”, incapazes de serem desconstruídos. Até mesmo por atitudes antieconômicas, ou seja, em que não se aborda as verdades a serem vistas e retomadas de vida.
 Nós como religios@s, temos a triste idéia de querer tirar tudo o que é ruim de nós. Mas o fato é de que devemos pensar que integrar não é apagar o negativo, pois sentimento não se arranca substitui por outro. Entrar na VRC é entrar numa dinâmica de seguimento de Jesus. E esse seguimento exige de nós abrirmos as portas do coração, para permitir que Deus faça morada e remodele a nossa vida. Quando entramos na VRC, incorporamos a idéia de que devo ser perfeit@, mas na verdade o essencial é buscar a vida em plenitude.

 Eu quero perfeição ou busco plenitude?
O que é ser santo?
É ser perfeito ou chegar à plenitude do amor?

A vida é boa e ruim. Podemos em muitos momentos nos decepcionar com a idéia de que a vida deve ser sempre boa, tranqüila, harmoniosa. Mas uma vida que também se apresenta crises nos fará crescer e tomar novos rumos mediante o nosso ser em processo de construção. Quando tem um conflito devemos perceber os dois lados. Caímos na imaturidade de nos fazer de vítimas e olhar somente para o nosso “umbigo”. Enquanto que de modo mais econômico, podemos enfim, agir de modo maduro e esclarecer certas situações da nossa vivência comunitária. O ideal deve ser puxado para a realidade. Só teremos uma vida religiosa ideal, como pensamos, se partir as manifestações de mudanças de nós mesm@s.
Em nossas vivências comunitárias, podemos carregar de algum modo a inveja x ciúme. A inveja gera o desejo de ter exatamente o que a outra pessoa tem (pode ser tanto coisas materias como qualidades inerentes ao ser). Enquanto que o ciúme apresenta caráter instintivo e natural, sendo também marcado pelo medo, real ou irreal, vergonha de se perder o amor da pessoa amada. O ciúme está intimamente relacionado à inveja. A diferença é que a inveja não envolve o sentimento de perda presente no ciúme. Mas ambas são um misto de desconforto e raiva e atormentam aquele que cobiça algo que outra pessoa tem. Quanto mais baixa for a auto-estima, mais propensa está a pessoa de sofrer com um dos dois sentimentos.
Em nossa vivência familiar carregamos características afetivas, sendo que a comunidade de fé tem característica com proximidade afetiva. Querendo ou não, espelhamos das nossas vivências familiares, dentro da comunidade religiosa. O problema é ser capaz de integrar os desejos, conhecendo a própria historia de vida e projetar, lançar a vida na doação total e completa a serviço do Reino de Deus. Seria um total desastre alguém entrar numa “aventura” sem se conhecer, com muitos medos, vergonha do seu passado, da sua origem. Um@ religios@, só estará dando uma resposta realmente livre e sincera se tiver orgulho do que Deus lhe deu e da vida que ele tem.
Todos nós religios@s, desejamos ser pessoas integradas, para tanto, precisamos quebrar o espelho, e buscar a si mesm@. Agora também não podemos viver de fragmentos, em que cada vez que acontece algo eu me desintegro e tenho que me reintegrar. Não é saudável, é decidir não amar. Integrar é centrar as energias, em algo que frutifique.
PaixãoAmar não é gostar, é viver:









Intimidade

Compromisso

 





Qual a paixão que me define?
Que relações significativas eu alimento?

Quem não se compromete não ama de verdade. Jesus mesmo mostra que a lei maior da sua vinda é o amor.  Não amamos como devemos porque estamos centralizados em nós mesmos. Nos esquecemos desse amor que é doação. Minha paixão está no carisma, mas muitas vezes, minha intimidade está nas redes sociais.
Temos medo da inexistência da VRC, mas enquanto tiver mulheres e homens apaixonados, ela não se acabará.
Todas as pessoas carregam três fontes de energias:
amarrada (acusar os outros de não fazer o que devem fazer), solta(Vou fazer quando quero! ),          autônoma (Faço porque desejo!)              

Para realizar a energia autônoma devemos canalizá-la no desejo fundante. Esse desejo que iniciou na nossa euforia, mas que aos poucos deixamos de lado, nos esquecemos de nossas origens e do que vivenciamos.
Ser religios@ é um ser doando-se!
A dinâmica da vida espiritual tem o encanto – desencanto – reencanto. O encanto quando descobrimos a vida de Deus em nós, o desencanto quando vamos nos distanciando por vários mecanismos desse amor do Criador e reencanto como filh@s pródigos retornamos a casa do Pai com mais convicções e idéias mais acertadas de amor! Não basta cuidar da nossa afetividade sem buscar o reencanto consciente! No inicio de nossa caminhada estamos eufóricos. É bom que venha o desencanto para nos testar. Se você não cultiva a espiritualidade com Jesus e o amor aos pobres, a paixão acaba. Uma paixão se alimenta de convicções – entusiasmo
Existe um slogan que poderá nos mostrar muito que as novas gerações da VRC deverão viver: Para quê fronteiras, se nós temos horizontes! Temos horizontes para viver a pós-modernidade de modo concreto a testemunhar com a nossa vida esse amor pleno, doando do nosso coração e preenchendo-o com mais amor. Assim é a lei da vida, amar para receber mais amor! Amar não é sentir é fazer. O amor está mais puro quando você deixa de sentir.
A minha paixão pela VRC é feito de euforia ou entusiasmo?
A paixão primeira vem de Deus.
Só confronta quem ama.

Ir. Clara Sousa,FE.